PARISCOPIO

Uma brasileira em Paris

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Safanões e afins

Outro dia um apresentador de TV famoso aqui teve um acesso de fúria num avião indo para Joanesburgo e teve que sair algemado. O cara encheu o saco de todo mundo, gritou, esperneou… enfim, aquele barraco! Foi mais ou menos o que aconteceu com o ator… whatshisname… André Gonçalves uns tempos atrás. E, se não me engano, com o Pelé, idem.

Pois bem, o piti do françois serviu de gancho para uma matéria no Le Figaro revelando que esse tipo de crise é comum: mais de cinco mil casos são registrados a cada ano!!! Esse número tinha caído bastante depois dos atentados de 11 de setembro: 11% menos atos de « incivilidade » a bordo e uma diminuição de 35% na gravidade dos « incidentes ». Tenho para mim que a galera estava se contendo mais, cada um na sua, pianinho, para evitar ser confundido com terrorista e causar uma insurreição como a dos passageiros do United 93… Mas isso são águas passadas, o setor aéreo está de vento em popa, todo mundo voando sem medo e, de quebra, neguinho voltou a soltar a franga sem complexo.

A principal causa dessas turbulências é, claro, o álcool em excesso. Todo mundo conhece a onda que dá uma reles taça de champanha a 10 mil metros de altitude. A rota mais problemática por aqui, segundo o relato de aeromoças e aeromoços, é Moscou-Paris (e vice-versa), o que confirma a fama de beberrão do povo russo. Tem também as viagens de retorno da Republica Dominicana, onde os turistas passam uma semana inteira em resorts “open bar”, que oferecem pacotes com consumo ilimitado de bebidas alcoólicas. Os vôos fretados para trazer equipes de futebol depois de campeonatos costumam ser agitadissimos. Alguns jogadores ficam incontroláveis e as companhias preferem não expor a tripulação feminina, e usar apenas comissários de bordo.

A Air France contratou uma equipe só para analisar o comportamento agressivo dos clientes, com base em relatos do pessoal de bordo. O mais comum são queixas sobre falta de educação, xingamentos e desobediência, como a do indivíduo que se recusa a apertar os cintos ou desligar um aparelho eletrônico. O conselho da companhia é manter o tom cordial e tentar resolver o problema com "psicologia". Em casos extremos, os tripulantes são treinado para agir. A regra é a seguinte: se o sujeito parte para a ignorância, os três comissários mais sarados do avião se juntam e partem para cima do incoveniente, prendendo as mãos dele com uma amarra de plástico e velcro.

No quesito agressão entre passageiros, o mais cotado é o famoso safanão na cabeça do vizinho da frente que “se atreveu” a inclinar a poltrona. Mas tem episódios mais graves, como o do cara que entrou no avião depois de todo mundo e só não foi linchado por ter atrasado a decolagem porque a tripulação interveio a tempo.

3 Comments:

Blogger Simon said...

Oi Joana,

que bom ver você escrever de novo! O seu artigo me faz lembrar a primeira vez que foi em Brasil : il y avait un brésilien qui rentrait chez lui et à la fin du voyage il était tres désagréable car il avait bu durant tout le voyage!!

Como é a volta em Paris??

bjs

1:50 PM  
Blogger Bete Tojal said...

Joana
Adorei a matéria.
Será que você conseguiria um vídeo feito aí na França sobre o Alveiro, um menino colombiano que abriu um asilo para velhinhos.
Bete

12:33 PM  
Anonymous Anônimo said...

Joanita, que surpresa boa encontrar novo texto por aqui! Vou te ligar na quarta!!! Beijinhos, Ana

2:12 PM  

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