PARISCOPIO

Uma brasileira em Paris

segunda-feira, abril 23, 2007

Madame ou Monsieur le Président?

Deu o resultado previsível: duelo Segô-Sarkô no segundo turno. As pesquisas mostram que o candidato da direita tem mais chances de ser eleito, mas a votação é só no dia 6 de maio. Até lá tudo pode mudar. Assista ao vídeo, no Jornal das Dez da Globonews

Operação sedução
Os dois rivais têm duas semanas pela frente para seduzir o eleitorado dos outros dez candidatos que foram eliminados ontem. Alguns, como os da extrema esquerda, já anunciaram de que lado vão estar no segundo turno. Ou melhor: de que lado NÃO vão estar. Tanto José Bové, o famoso destruidor de lanchonetes do McDonalds, quanto Olivier Besancenot, o carteiro comunista, convocaram seus eleitores a eliminar Sarkozy. Para quem não conhece, Besancenot trabalha nos correios da cidade de Neuilly, onde mora o candidato conservador. E é ele quem entrega as cartas do homem que tanto detesta. Imaginem a quantidade de correspondências extraviadas!!!

O homem-chave
Mas Segolène e Sarkozy estão de olho mesmo é no apoio do centro. Está aberta a temporada de caça aos eleitores de François Bayrou, que obteve quase 19% dos votos. O centrista foi a grande dor de cabeça de ambos nessa campanha. Há algumas semanas ele quase empatou com a socialista nas pesquisas. Se chegasse ao segundo turno, tinha grandes chances de desbancar Sarkô.

Suspense
Agora tanto a esquerda quanto a direita cobiçam Bayrou porque sabem que o eleitorado dele vai ser o fiel da balança no segundo turno. Mas no discurso que ele fez ontem reconhecendo a derrota (mas com um enorme sorriso estampado no rosto) o centrista fez mistério. Disse que só vai revelar seu escolhido - ou sua escolhida - daqui a alguns dias. Enquanto ele não se manifestar, nada está decidido.

Euforia
Logo após a divulgação das primeiras estimativas de boca de urna, Nicolas Sarkozy, eufórico, agradeceu os onze milhões eleitores que votaram nele (31,1%). E prometeu ser o candidato de TO-DOS os franceses.

Músculos contraídos
Mais de uma hora depois, foi a vez de Segolène Royal. Ela apareceu de vestido branco, sua marca registrada, e subiu no palanque meio tensa. Com os músculos do pescoço completamente contraídos e uns movimentos de braço bem esquisitos, disse que vai estender a mão a todos aqueles que consideram urgente sair de um sistema que não funciona mais. Num ataque velado ao adversário da direita, declarou que não há progresso econômico sem avanço social. E que se recusa a alimentar o medo dos franceses.

Mobilização recorde
As eleições deste domingo foram marcadas pelo maior índice de participação dos últimos 40 anos. O voto aqui não é obrigatório, mas 85% dos eleitores compareceram às urnas.

O recorde se deve em boa parte ao trauma de 2002, quando o alto índice de abstenções favoreceu a ida da extrema direita de Le Pen para o segundo turno. Outro fator foi a grande mobilização da juventude. Depois das revoltas de 2005, milhares de jovens, sobretudo dos subúrbios, descendentes de imigrantes, resolveram tirar o título de eleitor e votar pela primeira vez.