PARISCOPIO

Uma brasileira em Paris

segunda-feira, julho 31, 2006

Agruras dos não rubro-negros

Eu, que sofro diariamente com a aporrinhação dos nossos algozes futebolísticos aqui na França, sei bem o que Bete, Cláudio, Daniel e muitos outros não-flamenguistas estão sentindo neste momento. Nada pior, depois de perder, que ainda ter que aturar a zoação de quem ganha. No caso do Flamengo, mesmo não sendo torcedor do time derrotado, a vitória é sempre dura de engolir. Nosso time é ao mesmo tempo o mais amado e o mais odiado do mundo. Prova disso é que muita gente que nem é vascaína está sofrendo com mais esta glória do Mengão (né, Bete?!).

Por respeito à dor daqueles que criticaram o meu post anterior (e que representam 50% dos meus 6 leitores), não vou repetir que o Fla é o melhor, nem que estaremos em Tóquio em 2007, nem que o vasquinho é penta-vice do Mengão. Longe de mim querer prolongar o sofrimento de meus queridos leitores!!!

Mas não posso deixar de expor minha teoria: o sentimento dos não rubro-negros não é exatamente de ódio ou desprezo pelo Mengão. Na verdade, é mais uma mistura de frustração e arrependimento. Explico: pouca gente se lembra como, quando e por que decidimos que seríamos torcedores de tal ou tal time. Essa “escolha” normalmente ocorre quando somos muito novos e, na maioria dos casos, quem decide por nós é o pai, um tio, um irmão mais velho... Nos presenteiam com uniformes, roupinhas, bolas e brinquedos nas cores do clube. Quando nos damos conta, já somos torcedores de um determinado time desde criancinha e não tem mais volta. Afinal, não há humilhação maior neste mundo do que ser tachado de vira-casaca. Resultado: aqueles que não tiveram a sorte de terem sido apadrinhados por um flamenguista acabam vivendo eternamente frustrados, sabendo que nunca terão a orgástica experiência de vibrar com um gol do Mengão. Para aqueles que sempre sonharam em silêncio em um dia sentir a emoção de assistir a uma vitória histórica de dentro da torcida flamenguista, aqui vai um gostinho:
http://www.youtube.com/watch?v=ubHrTPMRAHg&search=meng%C3%A3o
http://www.youtube.com/watch?v=7RdHQQzPAxk

sexta-feira, julho 28, 2006

Alegria de ser rubro-negro...

Flamengo bicampeão e Vasco penta-vice do mengão!
Com uma notícia dessas, já até esqueci a derrota da nossa selecinha para a França.
Nos vemos em Tóquio.
Saudações rubro-negras!!!

quarta-feira, julho 26, 2006

Encontro com Iemanjá

Antes de me transformar em quiche lorraine bem passada, fugi do forno parisiense. Me mandei para a casa dos sogros, nos arredores de La Rochelle, cidade que fica no litoral atlântico da França. A condição para encarar o weekend família era passar um dia na famosa Île de Ré (pronuncia-se Rê). Desde que comecei a freqüentar o lar dos progenitores do meu amoreco, venho implorando por um passeio na ilha, espécie de paraíso de ricos e famosos franceses, que fica a apenas 20 minutos de carro da casa deles. Mas, toda vez que eu tocava no assunto, ouvia uma boa desculpa para não irmos. Pedágio caro, engarrafamentos intermináveis, gente demais etc. etc. etc. Desta vez, não quis nem saber de “mas, mas”... Disse ao Marc:

– Quer ver papai e mamãe??? Então avisa – antes de comprar a passagem de trem!!! – que vamos à ilha de Ré! Sine qua non! É pegar ou largar!

E assim, por livre e espontânea pressão, fomos todos, alegres e sorridentes, passar o dia na ilha. Como eu suspeitava, não tinha engarrafamento nenhum. Afinal, o principal meio de transporte em Ré é a bicicleta. Andar de carro por lá é considerado cafona, coisa de quem está totalmente “out”, por fora. Quanto mais velha e surrada for sua bike, mais “in” você é. Pedalar uma sucata enferrujada na ilha de Ré equivale, digamos assim, a dirigir uma Ferrari Enzo em Saint Tropez. Entendeu?

Mas eu, que não sou uma nora tão desnaturada assim, não ia obrigar meus queridos sogros a encarar 50 kilômetros de pedalada. Preferi enfrentar os olhares desdenhosos dos ciclistas e da população local. Se bem que, como diz o ditado, quem desdenha quer comprar. Aposto que aquele desprezo todo escondia uma pontinha de inveja: enquanto eles penavam para fazer rodar pedais enferrujados sob um sol de rachar, a gente passava no bem-bom de um carro confortável e com ar-condicionado.

Seguimos assim, tranqüilos e fresquinhos, durante 25 quilômetros, até o outro extremo da ilha, que é bem fina e comprida. Escolhemos ficar na praia “Conche des Baleines”, ao lado do Phare des Baleines (farol das baleias), o principal ponto turístico da ilha. O guia dizia que é a praia mais bonita da região, mas confesso que fiquei meio decepcionada ao ver um monte de blocos gigantescos de cimento (blockhaus), construídos pelos alemães durante a Segunda Guerra mundial. Além de feios em si, eles estavam todos pichados. Logo saquei que o segredo é sentar de costas para os mostrengos e abstrair que eles existem. Basta ter poder de abstração e fica tudo lindo!

Superada a decepção inicial, fui direto cair naquele mar delicioso. Uma sensação que eu sempre valorizei, mas que passei a venerar depois que fui morar em Paris, sobretudo em tempos caniculares. Nooooossa, não queria sair da água por nada neste mundo. Mas a sogrinha tinha preparado um pique-nique show de bola e eu não ia fazer desfeita. Comemos e depois digerimos dando uma bela caminhada até o outro lado da praia. Passamos por vários pontos nudistas. Cara, que festival de barangos e barangas!!! Cheguei à conclusão de que só fica pelado quem é feio, para evitar situações constrangedoras, if you know what I mean...

Para encerrar o dia de dolce farniente, fomos tomar um drink no porto de Saint Martin. A cidadezinha é meio que a capital da ilha e concentra a maioria dos cafés, restaurantes e bares. Parece que à noite é pura badalação, mas infelizmente não deu para conferir. Tivemos que voltar antes de anoitecer, para “evitar os engarrafamentos”.

Sogrinha lambuzando sogrão de protetor solar
Fim de tarde no porto de Saint Martin
Gostamos tanto que, no dia seguinte, resolvemos sobrevoar a ilha. O sogrão pilota avião monomotor.
Farol das Baleias.
Praia da Patache, freqüentada pelos ricos e famosos. Dá pra sacar pela quantidade de barcos e jet skis, né?

sexta-feira, julho 21, 2006

Paris 40 graus

Todo inverno é a mesma coisa. Não paro de reclamar do maldito frio que adentra meus poros e congela até a minha alma. Fico num mau humor da peste, puta da vida mesmo, em depressão, me perguntando por que diabos eu larguei as praias cariocas por esta cidade cinzenta. A resposta não convence nem a mim mesma, mas eu vou ficando. Diante de tal inércia, só me resta torcer para o verão chegar logo. E prometer, jurar por tudo o que há de mais sagrado, que eu não vou reclamar do calor quando ele chegar.

Mas, sinceramente, está dificil cumprir a promessa. A quentura nestas terras é pior do que no Brasil! E não é so porque aqui não tem aquela brisa do mar fresquinha nem água de coco gelada. O pior de tudo é que lugar nenhum tem ar-condicionado. Pode acreditar. Na maioria dos restaurantes, cafés e bares da capital francesa, simplesmente não existe esse objeto tão corriqueiro no nosso dia-a-dia tupiniquim. Nos escritórios e nas casas das pessoas, também não. É o tipo de coisa que você nem vê vendendo em lojas.

“Por quê?!”, você me pergunta, com ar incrédulo. Respondo: porque o calor aqui só dura dois meses e francês, zura do jeito que é, não vai gastar seus euros com um aparelho que, além de servir pouco, ocupa parte de um valioso metro quadrado. Um argumento, admito, nada desprezível. Basta ver os preços galopantes do mercado imobiliário. Um reles metrinho quadrado em Paris custa entre 5 a 10 mil euros. Traduzindo: o valor do ar-condicionado em si é uma bagatela comparado ao preço do espaço que ele ocupa.

Anyway, a não ser que você curta a sensação de estar constantemente dentro de uma sauna, fuja de lugares fechados. Locais a céu aberto também não proporcionam alívio muito maior, levando-se em conta a ausência de vento na cidade. Quer uma dica? Fique em casa, sentado em frente à geladeira. Com a porta aberta, obviamente!

Mas, falando sério, você deve estar se perguntando, desta vez com ar consternado, o que os parisienses fazem em Paris neste calor infernal (pronto, quebrei a promessa!). A resposta é: não fazem. Porque parisiense mesmo, legítimo, não sobra nenhum para contar história.

Entre os dias 14 de julho e 15 de agosto, só fica aqui quem não pode sair. Por falta de grana ou capacidade de locomoção. Tipo os velhinhos. Por que vocês acham que morreram tantos na época da canícula em 2003? Porque os filhos, netos e outros parentes desnaturados foram aproveitar o verão no bem bom das praias do sul (Saint-Tropez e afins) ou em ilhas paradisíacas no Pacífico, enquanto vovô e vovó ficaram fritando por aqui. Não deu outra: milhares de idosos foram encontrar São Pedro nas portas do céu e os familiares só descobriram quando voltaram das férias. Chegaram a tempo para a missa de sétimo dia e olhe lá!

quarta-feira, julho 19, 2006

Favela Chic ou puxadinho à parisiense

Paris, quem diria, também tem favela. Mas favela aqui é chic. E não estou falando do bar.

Nestes tempos de aluguéis exorbitantes e diárias de hotel impraticáveis, os pobres da capital francesa arrumaram uma solução original enquanto o frio não volta.

Pra que se enfurnar naqueles abrigos apertados e calorentos, quando se pode morar na beira do rio Sena ou no coração de um dos bairros mais chiques da cidade? Sem-teto francês, que não é bobo nem nada, fica com a segunda opção. E não paga nada por isso. A única dureza é escolher um entre tantos endereços chiques!

Já sei, já sei. Você está se perguntando CO-MO construir barracos e puxadinhos em pontos tão nobres. Explico logo: não precisa de cimento nem tijolo. Basta montar uma barraca de camping. São centenas delas, todas verdinhas, espalhadas pelas calçadas da capital. Mas essa favelização padronizada é, na verdade, um acidente de percurso. As tendas que agora pipocam pela cidade foram distribuídas no inverno passado por uma ONG, com o unico intuito de proteger do frio os pobres que não conseguiam lugar nos centros de acolhimento.

Ironia do destino, em época de canícula, ninguém fica do lado de dentro. As barracas têm uma função, digamos assim, de marcar território. Delimitar o terreno de cada um. E, claro, guardar coisas. Todo mundo prefere ficar ao ar livre. Na hora das refeições, o menu costuma ser churrasquinho, regado a muito vinho nacional ou cerveja (que, cá entre nós, desce muito melhor no verão). À noite, nada como dormir em cima de um bom colchão inflável sob o luar e as estrelas, com a torre Eiffel piscando ao fundo e aquela brisa fresquinha...

Como não podia deixar de ser, a novidade estival provocou a ira de muitos parisienses. Ao se deparar com as tendas, muita gente foi correndo prestar queixa e exigir que as autoridades acabem logo com a "mordomia".


Tem parisiense morrendo de inveja: "Onde já se viu casa de ralé tão bem localizada??? Mendigo morando melhor do que moi??? Nananinanão!!!"

segunda-feira, julho 17, 2006

Fogos na Torre

Calma, não é ataque terrorista... A torre Eiffel não foi bombardeada.

Aproveitando que moramos num dos únicos prédios altos de Paris (os franceses morrem de medo de elevador), fizemos uma festinha aqui em casa para assistir aos fogos no dia da comemoração da queda da Bastilha. Uma amiga filmou. Por favor, não reparem os comentários ao fundo:

Deleite antes da derrota

Um amigo meu filmou uma cena antológica no trem rumo ao estádio de Frankfurt, para assistir ao jogo Brasil x França. Um grupo de brasileiros sacaneiam torcedores franceses, cantando uma musiquinha para Zidane. Os François, sem entender nada e achando que se trata de uma homenagem, cantam junto... Veja o video.

domingo, julho 16, 2006

Cabeçada Inc.

Achei que o capítulo Copa do Mundo estava encerrado, mas a cabeçada de Zidane continua dando pano para manga, saia, calça, bermuda... Primeiro porque a Fifa está investigando o caso, o que significa que desdobramentos virão. Mas não é disso que vim falar hoje. Volto a este assunto assim que o Zidane comparecer para dar sua versão dos fatos.

Por hora, vamos ficar com os produtos da cabeçada. Além do excelente joguinho na internet que ganhou adeptos no mundo inteiro, uma música satirizando o episódio virou o hit deste verão aqui na França: Coup de Boule (cabeçada). O detalhe é que ela foi composta do jeito mais informal possível, numa farra entre amigos. Os caras gravaram no computador e mandaram para uns 50 contatos da lista de endereço deles. A galera gostou, repassou e a brincadeira acabou caindo nas mãos de um produtor de rádio, que botou no ar. O sucesso foi imediato. No dia seguinte, três gravadoras ligaram perguntando quanto queriam para vender os direitos autorais. Eles acabaram fechando negócio, dizem, por 100 mil euros (quase 300 mil reais). E já até gravaram um clip, ontem, no estádio de futebol Charlety, aqui em Paris.

A tradução da letra é mais ou menos assim:

“Atenção, esta é a dança da cabeçada
Cabeçada para a direita
Cabeçada para a esquerda
O Zidane bateu, o Zidane deu porrada
O Zidane bateu, o Zidane deu porrada
O italiano sentiu dor
Ele não está bem
O juiz viu no telão
E a Copa nós perdemos
Mas nos divertimos, pelo menos”

quinta-feira, julho 13, 2006

Ponto final

Fim da copa. Fim da "celeuma Zidane" (copyright Frederico Francisco). E agora? O que escrever neste blog? O que dizer aos seis leitores que apareceram aqui em solideriedade à minha campanha e que acabaram ficando? Ganhei tempo com a boa performance (sorte?) dos Bleus, que, para surpresa geral, agüentaram firme até o final do mundial. O acesso de fúria zinedínico e o mistério em torno dos insultos materazzianos me proporcionaram uma sobrevida de alguns dias. Mas agora acabou. Vazio. Fim.

quarta-feira, julho 12, 2006

Não mexa com a minha mamãe!!!!

Pronto. Zizou quebrou o silêncio. Fim do suspense. Fim do disse-me-disse. Fim das especulações. O time de experts em leitura labial do Fantástico estava certo. E alguns tablóides ingleses, também. Materazzi xingou a mãe e a irmã do francês. E o mundo aprendeu uma lição: nunca mexa com as mulheres da família de um argelino. É cabeçada na certa.

Como era de se esperar, o jogador não deu os detalhes do insulto. "É muito pessoal. Palavras muito duras..."

"Eu preferia ter levado um soco na cara do que ouvir determinadas coisas."

Zidane pediu desculpas às crianças e a todos que o tinham como exemplo. Mas disse que não se arrepende. "Você acha que eu gostei de ter feito aquilo faltando dez minutos para o fim da minha carreira? Mas fui provocado! Não posso me arrepender do meu gesto, porque me arrepender seria dar razão a quem provocou."

E faz um apelo à Fifa: "Chega de punir apenas as reações. Toda reação vem de uma provocação. O verdadeiro culpado é quem provoca. E é preciso punir o verdadeiro culpado."
-- "Mas como???", perguntou o jornalista.
-- "Lendo os lábios, oras!"

Isso mesmo: o ídolo Zidane consagrou a moda lançada pelo Fantástico nesta copa, a leitura labial.

É hoje!

Fim do suspense? Fim do disse-me-disse? Talvez. Zidane vai explicar hoje por que perdeu a cabeça. A entrevista exclusiva à emissora de TV por assinatura Canal Plus vai ao ar às 20h na França (15h no Brasil). Ao vivo.

A expectativa é que o jogador dê a sua versão dos fatos e conte o que Materazzi disse para provocar tamanho acesso de fúria. Mas há quem aposte que Zizou, monossilábico por natureza, nos poupe dos detalhes do episódio e peça apenas desculpas aos torcedores.

Seria uma pena perder a oportunidade de acabar, de uma vez por todas, com esse temporal de especulações que inundou a imprensa mundial nos últimos dias...

terça-feira, julho 11, 2006

PÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁRA TUDO!!!!

Como diz o Frederico, pááááááááááára TU-DO! Antes que comecem a me chamar de vira-casaca, traíra etc, vamos aos fatos:

Confesso que comemorei a classificação dos Bleus para a final (as fotos de um post recente não me deixam mentir) e que torci para a França ganhar a Copa do Mundo contra a Itália (por diversas razões que não vêm ao caso). Apesar disso, não estou defendendo o Zidane, muito menos por ser um jogador francês. Foi terrível o que ele fez e acho uma pena ter encerrado a carreira daquela forma. Mas preciso entender o que houve.

Acredito que a agressão verbal pode ser tão (ou mais!) violenta do que a física. O problema é que os insultos orais as câmeras não mostram e, por isso, eles não têm nada de espetacular, não chocam nem revoltam os espectadores como um carrinho desleal, um pé esquecido e uma boa porrada.

Enquanto o Zidane não contar o que ouviu, não podemos julgar. Mas estou convencida de que há determinadas palavras (algumas muito comuns nos campos italianos) que devem doer muito mais do que uma cabeçada no peito...

Materazzi, o chucro

Materazzi não faz jus ao apelido de animal apenas pela selvageria de seus atos em campo. Além de incivil, é um ser desprovido de conhecimento. E não sou eu que estou dizendo. Foi o próprio. Numa entrevista publicada hoje num jornal da Itália, ele declarou ser um ignorante.

Perguntado sobre o que fez para provocar a ira de Zidane, o zagueiro italiano reconheceu que insultou o francês "com palavras que se ouvem em qualquer querela de futebol". Mas não admitiu ter proferido a palavra terrorista:"Sou ignorante e nem sei o que terrorista islâmico significa."

Marque a opção de comentário mais adequada:
a. ( ) Alô, alô, meu caro, em que planeta vc vive?
b. ( ) Deve achar que o Osama Bin Laden é o papai noel depois de uma boa dieta e uma sessão de bronzeamento articial.
c. ( ) Desfaçatez pouca é bobagem. Vai ser cara-de-pau assim...
d. ( ) Todas as opções acima.

O "animal" também negou ter xingado a mãe do adversário."Não ofendi a mãe dele! Para mim, a mãe é sagrada!"

Ah, bom...

segunda-feira, julho 10, 2006

Resposta em breve

A pergunta que não quer calar não vai ficar sem resposta. Segundo o agente de Zinédine Zidane, Alain Miggliaccio, o jogador prometeu que vai explicar o motivo de sua atitude nos próximos dias.
"Materazzi lhe disse algo muito grave. Zidane é um homem que costuma passar por cima desse tipo de coisa, mas, no domingo à noite, algo explodiu dentro dele. Ele ficou muito triste e decepcionado. Não queria que tudo acabasse assim", contou Miggliaccio.

A pergunta que não quer calar...

Mas por quê??? Todo mundo continua se perguntando o que levou Zidane, que sempre preservou a imagem de bom moço do futebol, a perder a cabeça e estragar uma despedida que tinha tudo para ser gloriosa. Há muitos boatos rolando por aí, mas nenhum foi confirmado. Hoje o agente do craque francês declarou que ele foi "violentamente insultado" por Materazzi e garantiu que o jogador vai dar uma entrevista em breve explicando o que realmente aconteceu. Enquanto a versão oficial não vem, veja as teorias que pipocaram hoje:
- Segundo o jornal inglês the Guardian e o esportivo francês l'Equipe, há suspeitas de que ele tenha sido tratado de argelino "terrorista". Um de nossos cinco (ou seis?) leitores, Claudio Figo, enviou os detalhes: "Taciti, enculo, hai solamente cio che merite..." (Vai tomar no c..., é exatamente o que vc merece) - "meritate tutti ciò, voi gli enculato di musulmani, sporchi terroristici" (vocês merecem é isso mesmo, vocês, muçulmanos, tem que levar no c..., terroristas imundos).
- Um apresentador de TV e amigo íntimo de Zizu acredita que uma atitude como aquela só pode ter sido conseqüência de insultos racistas e xenófobos ou de uma ofensa contra alguém de sua família (provavelmente contra a mãe dele, que está doente, em estado grave).
- Já para os experts em "leitura labial" do Fantástico, o zagueiro italiano xingou a irmã do craque de prostituta.

Enfim: hipóteses não faltam e todas são plausíveis. Todo mundo sabe que os italianos são os reis da provocação e que insultar o adversário é uma arte que dominam como poucos...

Alma lavada?

Parece que a derrota da França ("coroada" por uma despedida nada honrada de Zidane) lavou a alma de muitos brasileiros...

"Do céu ao inferno, o anjo azul se tornou o demônio! E não terá a oportunidade de se reabilitar."
- anônimo

"Tchau, "zizúúú!". Vai chorar na caminha!!!"
- Frederico Francisco

Pela porta dos fundos...

Pode ser loucura, mas a impressão que eu tenho é que os franceses estão mais decepcionados com a saída indigna de Zidane do que com o fato de a França ter perdido na final. Como eu disse no post anterior, além de uma segunda estrela brilhando na camisa, os franceses sonhavam com um adeus glorioso para o craque, que pendurou as chuteiras depois do jogo de ontem. Mas o gesto do jogador, que foi expulso na prorrogação depois de dar uma cabeçada no peito do zagueiro Materazzi, deixou os torcedores consternados. Ninguém esperava ver o herói nacional, considerado um exemplo para o país, deixar os campos pela porta dos fundos.

E, a cada vez que a televisão mostrava o replay da cena, a reação era a mesma: Pourquoi mon Dieu? Por quê? Por que Zidane fez uma coisa dessas? A incompreensão tomou conta dos torcedores. E, antes mesmo de a partida terminar, a sensação era de derrota. Afinal, além de perder um dos melhores jogadores em campo, o time ficaria desestabilizado psicologicamente. Não deu outra. E para piorar, foi justamente Trezeguet, que bateu no lugar de Zidane (dizem), que perdeu o penalty.

Hoje, na ressaca da derrota, todo mundo aqui só fala na despedida "vergonhosa" do craque, que não foi nem receber a medalha. A França quer entender o que o Materazzi pode ter dito para deixar o ídolo tão irritado. O boato que está rolando (segundo o inglês "The Guardian") é que o italiano chamou Zidane, que tem origem argelina, de terrorista. Por enquanto essa versão não foi confirmada e talvez a gente nunca saiba a verdade. Mas os franceses acreditam que só pode ter sido algo desse nível para tirar do sério o (ainda assim) mais querido jogador do país.

A manchete do jornal "20 Minutes" troca o THE END por ZI END, brincando com o nome do craque expulso e o sotaque do francês, que pronuncia o "th" do inglês com som de "z"...








Mas a imprensa, em geral, foi menos bem humorada. Assim como muitos outros jornais franceses, o Le Figaro escolheu uma foto de Zidane de costas. "A Italia arrancou a Copa do Mundo... nos penaltis... no fim de um jogo estragado por um gesto feio de Zidane..."

sábado, julho 08, 2006

Au revoir, Zizou!

Em vez de manchetes sobre a expectativa para a final de amanhã, os principais jornais do pais dedicaram a primeira pagina de suas edições deste sabado à Zidane. Isto porque, independentemente do resultado, todo mundo aqui vai sentir uma pontinha de tristeza depois do jogo contra a Italia. Mesmo que a França seja campeã do mundo, o sentimento de vazio vai ser inevitavel. Afinal, essa vai ser a ultima vez que o maior idolo do esporte francês entra em campo como jogador profissional.

Le Figaro escolheu o titulo ZIDANE, A APOTEOSE e diz que o jogador, aclamado pelo mundo inteiro, sonha com um adeus vitorioso.
L’Equipe deu a manchete O ANJO AZUL, uma referência ao filme estrelado por Marlène Dietrich e que entrou para a historia de Berlim. E eis que surge um novo "anjo azul" na capital alemã...

Na capa do Libération, outra homenagem cinematografica: IMENSIDÃO AZUL, nome do famoso filme de Luc Besson, estampado sobre uma imensa foto do rosto do craque.

sexta-feira, julho 07, 2006

De camarote

Mieux vaut tard que jamais. Voilà, enfin, as notícias da festa pós-França x Portugal. Sorry pela demora. Esqueci de levar minha câmera e estava esperando meu amigo Jean Baptise (vulgo JB) mandar as fotos:

Vimos o jogo França x Portugal no apartamento de uns amigos, que fica grudado ao Arco do Triunfo. Eles moram no primeiro andar e a janela dava para o teto de um bar, formando tipo uma varanda sem grade.

Quando o jogo acabou, todo mundo correu para o lado de fora para ver a comemoração na Champs Elysées, ponto de encontro tradicional pós-vitória dos Bleus.

Eu ainda tive que passar matéria antes de sair para curtir com o resto do pessoal. Entrei ao vivo duas vezes logo depois que a partida terminou.

Olha eu, relaxada, depois de acabar o trabalho. Assistimos à festa de camarote. Literalmente.

O dono da casa botou as caixas de som para fora com a música "I will survive" (que virou o hino dos Bleus depois de ganharem a copa de 98) no volumo máximo e no "repeat" a noite inteira. Ficamos lá cantando e fazendo coreografias doidas. A galera que passava embaixo parava para dançar com a gente.

Comemoramos (que jeito? se não tem tu, vai tu mesmo!) até as duas da manhã. Mas a festa em volta do Arco varou a madrugada.

Giro pela imprensa francesa



Le Figaro: A Nova Onda Azul - Depois de se classificar para a final, a França sonha com o título mundial




L'Equipe: A Dinastia Azul - A epopéia de Barthez, Thuram e Zidane, que já dura 10 anos, pode ter um final excepcional na Alemanha, domingo, contra a Itália. Oito anos depois, reconquistar a taça seria um dos maiores feitos da história do futebol.

quinta-feira, julho 06, 2006

Parêntese sério

Nosso amigo francês Simon Corbi mandou uma foto que diz muito a respeito da situação atual do país. Em meio a bandeiras e faixas coloridas durante a festa de ontem, um cartaz singelo: "Les racailles vont vous ramener la coupe. C'est pas magnifique ça?". (A racaille* vai trazer a taça para vocês. Não é maravilhoso isso?)

* Racaille é a palavra que o ministro do interior, Nicolas Sarkozy, usou para se referir aos jovens da periferia depois das revoltas no fim do ano passado. Significa algo do tipo "ralé" ou bando de malandros (no sentido mais pejorativo do termo). Esses jovens do subúrbio, em sua maioria filhos e netos de imigrantes, se sentem completamente excluídos pela sociedade.

Na equipe francesa, boa parte dos jogadores são negros e árabes, inclusive Zidane, de origem argelina. Tanto é que o time foi apelidado de "Black, Blanc, Beur" (negro, branco e árabe) no lugar de "Bleu, Blanc, Rouge" (azul, branco e vermelho, as cores da bandeira). Essa expressão nasceu nos anos 90 para designar a França dita multiétnica.

A ironia é que são justamente esses descendentes de estrangeiros, geralmente tão marginalizados, que estão proporcionando ao país alguns de seus maiores momentos de alegrias dos últimos anos. Pena que a França não tenha a mesma admiração e orgulho por aqueles cujo talento está fora dos campos de futebol.

Fechei aqui o parêntese sério. Prometo um post mais leve da próxima vez.

O mergulhador

Não foram só os franceses que ficaram eufóricos com o resultado de ontem. A Inglaterra também soltou rojões com a derrota lusitana. E a imprensa inglesa, claro, não perdoou. Portugal está de luto? Who cares?!

Os tablóides não tiveram pena da dor dos portugueses e o pobre do Cristiano Ronaldo (que, convenhamos, não é tão coitadinho assim) virou motivo de chacota. O Daily Mirror e o The Sun escolheram exatamente a mesma manchete, zombando do jogador:

YOU'RE NOT WINKING ANY MORE
(vc não está mais piscando)

Uma referência clara à piscadinha maliciosa que o jogador lusitano, de 21 anos, deu para os colegas de banco depois de ter conseguido a expulsão de Wayne Rooneu, nas quartas de final em que Portugal eliminou a Inglaterra. Veja o nível de uma das matérias publicadas depois do jogo de ontem: “O detestável jogador chorou como um bezerrinho depois que ele e seus amiguinhos mergulhadores foram eliminados”

Aqui na França, o Cristiano Ronaldo vem sendo muito criticado também pela falta de "fairplay". Olha a piadinha que circula na internet:

Deu no Niuiorquitaimes...


















Os americanos podem até não jogar muita bola, mas pelo menos tem jornalista nos EUA que entende do assunto. Achei perfeita a análise do New York Times sobre o desempenho francês nesta Copa (tradução livre minha):

"A França encontrou a coesão na hora certa, depois de chegar mancando na Copa do Mundo. Na primeira fase, a equipe estava fraca e corriam boatos de conflito dentro do time. Os Bleus pareciam fadados a deixar a competição de forma prematura e tiveram que lutar para se classificar. Mas foi só o desafio aumentar que o nível de jogo da equipe da França subiu no mesmo ritmo. O renascimento dos Bleus teve um efeito tonificante para um país que está precisando disso. Desgastada pelos problemas sociais nas grandes cidades e na periferia, paralisada na esfera politica, a França se une em massa atrás de uma equipe que traz à tona lembranças de um passado mais glorioso."

Saboreando a vitória...

















Depois de passar a noite toda fazendo a festa nos Champs Elysées, muitos parisienses tiveram que acordar cedo para trabalhar (é, por incrível que pareça, tem gente que trabalha na França...). Apesar do cansaço e da ressaca, o pessoal aqui contina saboreando a vitória. Como não poderia deixar de ser, os jornais de hoje dedicaram um espaço imenso ao sucesso da seleção. Na capa do L’Équipe, esportivo mais vendido do pais, uma foto de página inteira mostra Zidane vibrando depois do penalty e o titulo: “O Gol da vida deles”

No Le Parisien, a manchete de uma palavra só, em letras garrafais, descreve o jogo de ontem: FABULOSO.

Já o Le Figaro fala dos momentos de sufoco vividos pelos jogadores na difícil partida contra Portugal... Enquanto o jornal de esquerda, Libération, já pensa no dia D, com o título “Domingo em Berlim”.

A classificação para a final, aliás, é o assunto do dia. Nos cafés, no metrô, nas ruas da capital francesa SÓ se fala nisso. E o clima é de muito otimismo. Vi um torcedor na televisão que aposta no mesmo placar da vitória de 98 contra o Brasil. E o mais engraçado é que ele dá os detalhes: "Três a zero, com gols de Sagnol, de cabeça, Zidane, cobrando falta, e Trezeguet, com o pé esquerdo."

O pior é que, se o cara acertar seu prognóstico, os franceses não vão aposentar tão cedo o famoso: "Et un. Et deux. Et trois... Zéro!". Já pensou? Coitados dos italianos, vão ter que agüentar a musiquinha mais chata do mundo por um bom tempo...

Mas, independentemente do resultado, o fato é que por aqui ninguém duvida que a equipe de Raymond Domenech traga a taça para casa. Nem que a festa no domingo, na avenida mais famosa de Paris, seja ainda maior e mais animada do que a de ontem.

quarta-feira, julho 05, 2006

SACRILÉGIO!!!!

Gente, socorro! Como se não bastasse me encher com gracinhas dentro de casa, meu namorado agora me zoa até do trabalho!!! Olha o que o desgraçado me mandou por imeiou... E ainda teve a cara-de-pau de dizer: "Ótima idéia. O Rio fica bem mais bonito assim!"

Falta do que fazer... E depois reclama quando digo que francês trabalha pouco...



Este sacrilégio está circulando pela internet aqui na França! Pode?!

terça-feira, julho 04, 2006

A veneração continua

Mais uma para a série "Mesmo depois de nos eliminar, eles continuam nos venerando..."

Vejam o anúncio de página inteeeeeira publicado no jornal L'Équipe, o maior esportivo do país, no dia seguinte à vitória dos Bleus sobre o Brasil. A SFR é uma das principais operadoras de telefonia celular da França.

A contribuição foi enviada pelo nosso amigo francês Simon Corbi, que escreveu: "oi, joana. só uma nova prova de que, depois da derrota do Brasil, a França segue venerando a seleção!!!"

WORST SELLER

E a Renata Fontenelle nos inteira da última novidade do mercado editorial. Rumo ao topo da lista dos menos vendidos:








"É MOLE !?!?Em homenagem ao querido BUSSUNDA: ESCREVE SÉRIO!!!!!!!!!!!!!!!"










Gente, o mais irônico é o nome da editora: BEST SELLER! Ahahahahahaha!

segunda-feira, julho 03, 2006

Rir para não chorar...

Charge de J. Bosco, publicada hoje em "O Liberal" (PA)
Charge de Sinfrônio, publicada hoje no "Diario do Nordeste" (CE)

Ora, pois, pois!

Parece que os brasileiros querem o Felipão de volta. Li agora no site do globo matéria sobre uma nova comunidade no Orkut: “Volta, Felipão!”. Ela foi criada ontem e já tem mais de 4.700 membros! Uma das retrancas é de rolar de rir:

“Gordonaldo, o Fofômeno: obrigado por fazer o Brasil fregûes do francês outra vez”

Mas, enquanto o nosso ex-técnico não volta, cresce o movimento de apoio ao time que ele comanda atualmente. Assim como a minha amiga Racca, tem muita gente agora que é Portugal desde criancinha.

"AVANTE PORTUGAL, VAMOS FAZER ESTES FRANCESES TOMAREM UM BOM BANHO DE UMA VEZ POR TODAS... "
Claudio Figo

"Então dá-lhe Portugal ora pois, pois."
idem
"E agora é... Portugal, Portugal!"
Torcedor brasileiro

"Que Felipão, Figo e equipe unida joguem ainda com mais garra. "Vista" agora nossa camisa de Portugal."
Mommy (minha mãe)

"Amiiiiiiiiiiiiiiga, agora sou Portugal desde criancinha..."
Racca

"A campanha agora é Portugal no pau!"
Anônimo

Alguns são mais moderados:
"Vamos torcer pra Portugal mas meio assim, de viés, de lado... (tipo "tô nem aí")."
Frederico Francisco

Quem te leu e quem te lê...

























Os franceses continuam saboreando a vitória contra o Brasil.

Primeiro foi a festa nos Champs Elysées, tradicional ponto de encontro pós-vitória dos Bleus, que reuniu mais de 250 mil pessoas. Não se via tanta gente naquela avenida desde a final de 98. Até parece que eles ganharam a copa!

No dia seguinte, foi a vez de a imprensa ir ao delírio. As manchetes de domingo eram sucintas, mas retumbantes:
“MAGICO!”
“GENIAL!”
“HERÓICO!”


A mesma imprensa que, há pouco mais de uma semana enxovalhava o time comandado por Raymond Domenech, agora faz juras de amor eterno. Os jornalistas não param de paparicar os Bleus e tem muita gente fazendo campanha para que Zidane desista da aposentadoria! Quem te leu e quem te lê...

Para sair da fossa...

Ih, tá todo mundo com pena de mim. Agradeço as mensagens de apoio moral e aviso que descobri uma ótima terapia antidepressiva: reler os desabafos deixados no blog antes do fiasco. É um mais engraçado que o outro. De vez em quando dou de cara com uns rabujentos, mas esses a gente ignora.
Encontrei um comentário pré-eliminação sensacional, assinado pelo meu amigo Chico Regueira. Hilário:

"Acho o seguinte: se nós brasileiros não estudamos, os franceses não tomam banho. Aliás acho que foi por isso que o Ronaldo Gorducho passou mal na final de 98. Imagina ter que correr do lado de um francês durante 90 minutos? putz!!! REXONA neles !!!
E você viu a entrevista do Juninho Pernambucano no Jornal Nacional? Quando perguntado se estava encarando o jogo como revanche ele respondeu com aquele sotaque de pernambuco: - NÓS BRASILEIROS NÃO PRECISAMOS DE REVANCHE. O MAIOR FEITO HISTÓRICO DA VIDA DA SELEÇÃO FRANCESA FOI TER GANHADO DO BRASIL EM 98. SOMOS PENTA !!!!!!E diga ao marc que se ele ficar te zoando e torcendo tanto pra França assim, quando ele vier no Rio, em vez de ir a Santa Tereza, vamos abandoná-lo no trem para Belford Roxo. Detalhe: não dentro do vagão, mas sim lá no alto, pra aprender a surfar."

Serve de consolo?




Ontem eu fui à praia espairecer (nada melhor do que mergulhar nas águas gélidas da Bretanha para espantar o mau humor).

Na minha frente, na areia, esses dois francesinhos fofos, jogando futebol, começaram uma discussão antológica:

- Eu sou o Ronaldinho e você é o Thierry Henry!
- Não! EU sou o Ronaldinho e VOCÊ é o Thierry!!!
- Não, eu falei primeiro! O Ronaldinho sou EU!
etc. etc. etc.

A briga continuou por um bom tempo e os meninos quase caíram no tapa.

Repito: esse diálogo aconteceu ONTEM, domingo, no dia seguinte à vitoria dos BLEUS!!! Pode uma coisa dessas? Mesmo eliminando o Brasil, eles continuam nos venerando...

domingo, julho 02, 2006

Ah, mon Dieu! Mais quatro anos, nããããão!

Depois de pagar a aposta, ainda tive que agüentar muita gozação...


Pois é. Não foi desta vez. Campanha, torcida, reza forte, mandinga… Não adiantou nada. A seleção mostrou que não é constelação coisíssima nenhuma. Nossos jogadores podem até ser grandes estrelas, só que isoladas umas das outras em galáxias completamente diferentes.

Divagações astronômicas à parte, o fato é que meu calvário continua. O juiz mal apitou o fim da partida e a aporrinhação recomeçou! Primeiro tive que pagar a aposta. Antes fosse em dinheiro. Mas que nada! Paguei na base da humilhação mesmo.

O combinado era o seguinte: se o Brasil ganhasse, todos seriam obrigados a beijar a bandeira do Brasil e dizer em alto e bom som que a final de 98 foi comprada. Se fosse a França (o que para mim estava fora de cogitação!), eu teria que cantar a Marseillaise. Como sou uma mulher de palavra, lá fui eu, enrolada na bandeira do Brasil, microfone em punho, cantar o hino mais sangüinário do mundo para uma platéia de François. “Allons enfants de la patrie…”

Castigo pouco é bobagem…

Mas quem disse que meus amigos gauleses se deram por satisfeitos? Os engraçadinhos já tinham pensado em todas as formas de me sacanear. Claro que um placar de um a zero não ajuda muito na hora de elaborar as zoações futebolísticas do gênero, mas tenho que admitir que nao faltou criatividade.

Depois do jogo, meu único consolo era achar que tinha me livrado do famoso « Et un, et deux, et trois… zero ». Com o resultado de ontem, a musiquinha mais chata do mundo ficou velha e se aposentou, certo? Errado. Bastou mudar uma palavrinha e pronto: « Et un, et deux, et trois… victoires ». Pois é: para os franceses, melhor que um placar de três a zero é um histórico de três vitórias seguidas sobre o Brasil em copas do mundo.

Os sacanas, claro, nao poderiam deixar de me lembrar que a última vez que o Brasil venceu a França foi nos tempos do Pelé. E que com o “Gronaldo” – brincadeirinha que mistura o nome do nosso craque (?) com o adjetivo gros, que significa gordo em francês – a gente nao mudaria a tendência tão cedo… Gente, eu preciso agüentar uma coisa dessas?! Então, tchau! Saí do bar ao som de: “Ils sont où? Ils sont où? Ils sont où les brésiliens” (cadê vcs? cadê vcs? ô, brasileiros, cadê vcs?).

Cheguei em casa deprimida, tomei um lexotan e desabei na cama (o Marc foi direto para o sofá, claro). Afundei a cara no travesseiro e chapei, crente que passaria algumas horas em paz. Mas que ingenuidade! Tive pesadelo a noite inteeeira. Pesadelo, não! Um verdadeiro show de horrores, bolado com requintes de crueldade pelo meu subconsciente.

Já nos primeiros minutos de sono, dei de cara com o crápula do Thierry Henry. Com uma voz macabra, de Darth Vador, ele manda:
"Tá veeeeeendo? Queeeeeeeeem mandou estudar?! Se tivesse dedicado menos tempo aos livros e mais ao futebol... Poderia ter virado técnica da seleção no lugar do Parreira e evitado essa vergonha nacional!”
E o homem sai correndo atrás de mim, como se eu fosse uma bola de futebol! Roberto Carlos, larga a meia e pára este homem, pelamordedeus!!!! Socooooooorro!!!

Quando fugia, vi um carro se aproximando:
“Tááááááááááááxiiiiiiiii!”
- Aeroporto internacional! Rápido, por favor!
- A senhora vai para onde com tanta pressa?
- Tô voltando para o Brasil. De vez!
O motorista aponta para o alto:
- Tá vendo aquele avião ali?
- Ahã.
- Vai para a Alemanha... Foi lá que a França eliminou o Brasil.